Eça dizia que Portugal era “um sítio”, ligeiramente diferente da Lapónia que nem sítio era. O rei D. Carlos achava Portugal “uma piolheira”, “um país de bananas governado por sacanas”. Alexandre O’Neill referia-se-lhe como “três sílabas de plástico, que era mais barato”, “um país engravatado todo o ano / e a assoar-se na gravata por engano.” Um sítio, uma piolheira, três sílabas de plástico – a síntese perfeita do esplendor da pátria. “No sumapau seboso da terceira / contigo viajei, ó país por lavar / aturei-te o arroto, o pivete, a coceira / a conversa pancrácia e o jeito alvar” (O’Neill). Arroto, pivete, coceira, conversa pancrácia, jeito alvar. Assim continua a ser Portugal. Um país de juízes confessadamente incompetente. Exemplos? O processo dos CTT que envolve o ex-presidente Carlos Horta e Costa – um juiz de Lisboa declarou-se incompetente para o julgar e remeteu-o para Coimbra onde uma juíza se declarou igualmente incompetente! O processo TagusPark, nascido de uma certidão extraída do Face Oculta – um juiz da 8ª Vara Criminal de Lisboa declarou-se incompetente e vai mandar o processo para Aveiro onde, é suposto, se revele publicamente a auto-incompetência de qualquer outro “meritíssimo”, passe a ironia que o adjectivo explicita. Ainda em Lisboa, dois juízes de diferentes varas declararam-se incompetentes para apreciar o processo contra três administradores da empresa gestora dos bairros sociais, a Gebalis! O julgamento do processo-crime do BCP foi adiado sine die, provavelmente à espera de um juiz que, finalmente, se possa considerar competente. Que fazem nos tribunais juízes que confessam a sua própria incompetência? ("digo eu que talvez sejam daqueles que foram apanhados a copiar nos exames") Afinal de contas, uma parte dos nossos “meritíssimos” apenas se revela em toda a sua competência nos julgamentos de “pilha-galinhas” ou quando apanha um desgraçado que, famélico, tropece num pacote de bolachas que lhe cai inadvertidamente no bolso num supermercado qualquer! Pena pesada no lombo do “criminoso”, exemplo que fica como uma espécie de compensação para a incompetência declarada em julgamentos de processos de crime económico! E não há remédio senão suportar este “pivete”, este “arroto” permanente de uma justiça ao nível desta “piolheira” lusíada. Desta “piolheira” lusíada governada por “sacanas” a praticar uma política demencial. O Gasparinho das finanças, por exemplo, que afirma numa entrevista ao Expresso: “Não sou nem nunca fui um banqueiro central. Caracterizar-me-ia como um bancário central”!! Esta espécie de “mr. Bean” do governo parece-me um alter-ego de Armando Vara, com um percurso político a evoluir de uma forma similar à do génio socialista que, como é sabido, começou como bancário, ao balcão de uma agência da CGD, e acabou a banqueiro, no Conselho de Administração. O Gasparinho ainda vai na fase do bancário. Não tardará muito (basta-lhe sair do governo, como é costume) a chegar a banqueiro. E pode até acabar mesmo a trocar robalos por alheiras! E o Álvaro da Economia? Que “passou a vida” entre cangurus no Canadá e que deve ter sido convencido, provavelmente pela economia de um deles, que, aumentando as horas de trabalho para os trabalhadores no activo, conseguiria reduzir o desemprego! Permitam-me que exprima aqui sérias reservas a propósito da sanidade mental do… canguru inspirador. E Passos Coelho? O que terá levado um ex-jotinha sem currículo, sem cultura, sem uma só ideia para o país, sem uma única solução para nos tirar da crise, a desejar ser primeiro-ministro? A resposta só pode ser uma – os seus “quinze minutinhos” de fama. Ao nível de um qualquer candidato a “estripador de Lisboa” ou a entrar na “Casa dos Segredos”, muito provavelmente a única “vacaria” do país onde se “ordenham bois”. Que me desculpem a grosseria imagística que me ocorreu tão só porque li que uma das concorrentes masturbara um daqueles grunhos enquanto os outros foçavam, grunhindo sobre os pratos! É este o “país por lavar” a exalar um “pivete” que tresanda e que pode levar a um desejo incontido de fugir desta atmosfera fétida, deste “sítio” miserável, sem esperança e sem futuro. Mas jamais as palavras criminosas de Passos Coelho incitando a uma emigração forçada, que apenas comprovam o seu raquitismo mental. Enfim um “país” indigente, dirigido por uma “colecção grotesca de bestas”, para utilizar uma feliz síntese queirosiana. “E, de repente, ninguém resmungou com a sua ração. As quezílias e a inveja, que eram coisas normais do passado, quase que desapareceram”, escreveu George Orwell no “Triunfo dos Porcos”, ironizando sobre a passividade humana. Esta “glorificação da inércia” que nos anestesia a todos e que leva os portugueses a aceitarem passiva e reverentemente a “ração” que lhes dão por esmola, esquecendo aquelas que criminosamente lhes tiram. E que escrevem mensagens de Natal como esta: “Nestes tempos difíceis que atravessamos, como se fossem rios medonhos e perigosos de tão revoltos, a solidariedade deve ser vista como a mãe de todos os portugueses.” Que merda de gente! Que filho da puta de país!
Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 28 de Dezembro de 2011.
É hoje claro para quem observa, sem palas ideológicas, a situação portuguesa que nunca conseguiremos pagar a dívida nas condições usurárias que nos foram impostas, as quais, gerando recessão e bloqueando o crescimento da economia, constituem o principal obstáculo a esse pagamento, forçando sempre a novas e sucessivas "ajudas", numa espiral de endividamento cujos resultados estão à vista na Grécia.
Assim, a reestruturação da dívida será, mais tarde ou mais cedo, uma inevitabilidade.
Aos credores interessa que seja o mais tarde possível, quando o país estiver já completamente exaurido e sem património que vender ao desbarato. Nessa altura, tudo o que puderem ainda sacar será bem vindo. Aos portugueses interessa que seja já, enquanto ainda dispomos de uns restos de soberania.
A desassombrada afirmação de Pedro Nuno Santos, de que devemos "marimbar-nos para os credores" e usar todas as armas para obter condições que nos permitam pagar o que devemos e sobreviver como país independente, seria o desiderato patriótico de qualquer Governo que não agisse apenas como submissa correia de transmissão dos interesses da Sra. Merkel.
O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, disse hoje que vai abdicar do seu salário de primeiro-ministro e de ministro das Finanças, ao anunciar ao país a adoção de um novo plano de austeridade.
«No momento em que exigimos sacrifícios a todos os cidadãos, parece-me ser meu dever renunciar ao meu salário», afirmou Monti numa conferência de imprensa, citado pela agência France Presse.
O Governo de Monti adotou hoje um novo plano de austeridade para combater a crise da dívida soberana, estimado em 24 mil milhões de euros.
In: Diário Digital / Lusa
Como o Belmiro começou a enriquecer... ...Nadava nas águas da UDP...
«NINGUÉM ESTA IMUNE AOS SACRIFÍCIOS», disse ele.
SE ASSIM NÃO FOSSE, COMO SERIA O SÉQUITO ESCOLHIDO!!!!!
(notícia do Público de 23/09/11)
O Cavaco na sua visita discreta aos Açores de 5 dias levou 30
acompanhantes, entre os quais:
- sua esposa
- o chefe da casa civil e sua esposa
- 4 assessores
- 2 consultores
- 1 médico pessoal
- 1 enfermeira
- 2 bagageiros???
- 2 fotógrafos oficiais
- 1 mordomo
- 12 agentes de segurança
- esta lista foi dada aos jornalistas -
e à chegada disse "Ninguém está imune aos sacrifícios".
Convém lembrar que quando o príncipe Carlos e a sua mulher Camila visitaram oficialmente Portugal, chovia e seguravam nos seus própriosguarda-chuvas. O nosso Presidente e mulher - na mesma ocasião tinham alguém que lhes segurava o guarda-chuva......
E ESTA HEIM??? Como diria o Fernando Pessa...
Editorial Jornal Negócios 18-10-2011 |